A pedra agora é Negra (2024 - Ongoing) O ato de saltar, que à primeira vista pode parecer apenas uma brincadeira ou um desafio físico, tornou-se para mim uma metáfora poderosa. Cada mergulho representa a superação das barreiras impostas a esses jovens pela sociedade — barreiras econômicas, educacionais e sociais, fruto de uma cidade profundamente segregada. Saltar no mar é um gesto de resistência e uma celebração da juventude. É uma entrega ao desconhecido, uma busca por leveza e um instante de liberdade pura que transcende o peso das limitações diárias. Diante de um cenário de exclusão, o mar surge como espaço democrático, um refúgio onde todas as diferenças se dissolvem momentaneamente. O mar acolhe. Ele abraça esses corpos com a mesma força com que eles se lançam. Madruga, um dos jovens retratados, me confidenciou: “Quando estou no meio do pulo, vejo aquela água azul e sinto o mar me abraçando; então eu o abraço mais ainda.” Para mim, essa frase encapsula toda a grandiosidade desse gesto: um encontro entre indivíduo e natureza, entre resistência e aceitação. É um momento em que esses jovens, frequentemente marginalizados, se sentem vistos e pertencentes.